Bodega

escritos em geral.
por tici.

31/07/2003

Cafonice sem limites

Alguém viu a propaganda das Casas Bahia para o dia dos pais? Achei tão lindinha! Cafona, admito. Mas não dá pra negar que o garotinho se comparando com o pai é mesmo uma graça. E ainda tem música do Fábio Jr!

Por que eu sou assim, caio em qualquer clichê de publicitário????

Cine Brasil

O cinema brasileiro adora adaptações. Aliás, o teatro anda também numa fase de adaptações, (para desespero de Bárbara Heliodora – mas isso é outro assunto). Então temos enxurradas de filmes cuja história surgiu originariamente em livros ou peças. Não é tão simples como possa parecer.

Tivemos Carandiru, Lavoura arcaica, Cidade de Deus, Dois perdidos numa noite suja, para ficar em alguns dos que eu também conheci em suas primeiras versões.

Do “alto” de meu conhecimento cinematográfico, não achei o resultado de todo ruim. Mas tenho algumas críticas.

Carandiru é uma boa história, o livro é muito interessante e já é sucesso há tempos. O sucesso já seria garantido por isso, ainda mais a presença de Rodrigo Santoro como um travesti. Mas achei que foi desperdiçada uma boa história, com uma direção nada ousada do Hector Babenco, abusando de flashbacks nada originais.

Achei ainda o elenco fraco, salvo algumas exceções. O roteiro não tem um fio condutor. O médico não é esse fio (como chega um pouco a ser no livro), nem mesmo o presídio. Então as histórias ficam soltas, e são contadas sempre da mesma forma: preso vai até o consultório do médico, este pergunta como ele foi parar na cadeia, resposta em forma de flashback. Não há também um desespero ou mesmo um desconforto do médico até se adaptar à convivência no presídio.

Não concordo com algumas pessoas que acharam que os presos foram postos como bonzinhos. Eu penso que, como foi mostrada uma realidade longe da nossa, coisas pra nós atrozes, são comuns e corriqueiras. Até porque eles são personagens, como nós. Misturam o bem e o mal dentro deles.

Enfim, a história do filme é boa. Choca, revolta, faz pensar “é esse mundo que a gente vive?”. Mas acho que poderia ter sido um filme maravilhoso, e foi só bom. Talvez pela falta de ousadia, trazida pela certeza do sucesso. Não poderiam correr o risco de errar.

Pretendia falar dos outros filmes, mas me estendi demais nesse. Então, antes que me achem uma chata, como certamente meu cunhado irá me chamar neste post, deixo pra depois. Pode deixar que eu também falo bem dos filmes!

Ah, o que eu também queria dizer: filmes originais como “O homem que copiava” de Jorge Furtado, provam como pode ser bom criar histórias especialmente para o cinema.

29/07/2003

As nossas gangues

Décadas depois, vi finalmente Gangues de Nova York. Para quem ainda não viu, o filme se passa na segunda metade do século XIX, numa Nova York ainda em construção, praticamente um submundo, perigoso e dominado por gangues que travavam lutas sangrentas pelo poder. Mas tudo isso, pode-se saber assistindo o filme, o que certamente será muito mais interessante.

O objetivo do post é mostrar a semelhança entre aquele submundo e o nosso aqui, escondido (às vezes nem tanto) nas favelas e periferias.

Numa altura do filme, Bill, The Butcher (personagem de Daniel Day Lewis, que aliás está perfeito no papel) diz que o que o mantém vivo é o medo. Medo incutido nas pessoas através de vinganças, cobranças de dívidas, defesa da honra, tudo sem medir as atrocidades cometidas, de preferência a vista de todos...

Não é isso que acontece nas favelas? Os “julgamentos sumaríssimos” do CV mataram e mutilaram dezenas de pessoas. Muitas vezes para mostrar poder. Foi-se o tempo, se é que um dia existiu, que a autoridade do “dono” do morro era conseguida através da proteção e do assistencialismo dada por este aos demais favelados. Isso sem contar com as guerras entre as “nossas” gangues, com matanças dentro do presídio e tudo mais...

Mais de 140 anos se passaram e o ser humano continua deste tamanho, pequeno, pequeno...

Confissão

Pequeno delito de férias:
Comer leite condensado no meio da tarde de um dia de semana...

Update: Não posso acreditar que minha avó chegou com um bolo branco fresquinho feito especialmente para mim...
Comi, é lógico!!!

28/07/2003

Um pouco de poesia by myself

Segredos. Olhos cúmplices.
Dentro da multidão se compreendem.
Precisam do mesmo ar.
Respiram o mesmo cheiro.
Na rotina da vida, de repente,
uma curva qualquer os lembra que amam
e vai embora um pouco do peso
e se instala um tanto de paz.

Até que a luz já não brilha como antes
e, em desespero, cheiram seus próprios corpos
na busca de um resquício de suor comum.
A luz é fraca.
Vasculham os móveis tentando reencontrar o que passou.
Mas a luz é fraca,
Se turva e aos poucos apaga.

Final de Domingo e a música

Nossos ouvidos captam no ar algum som. Ele penetra em nossas mentes, passa pelos inúmeros mini-canais que devem levá-lo ao cérebro, onde finalmente será decodificado.
De repente a surpresa: começam a ser identificados os instrumentos, e em cada nova nota que preenche o ar formando a inconfundível melodia, está presente um pedaço de nossas almas, de nossos corpos. E é dessa forma um tanto invasora que nos rompe com o mundo, nos levando até uma outra órbita, um outro lugar onde nossos sentidos não valem mais, onde se atinge a condição sublime do êxtase. É como se antes e depois houvesse apenas o silêncio.
E assim, entorpecidos, voltamos a Terra. Renascidos, depois de gerados pelas maravilhas da música. Da BOA música!

Sui Generes

“As pessoas superiores falam de idéias, as normais falam de fatos e as inferiores falam dos outros”. Não me lembro se isso eu li em algum lugar, ou cheguei à conclusão em algum papo viajante. O fato é que as pessoas se separam mesmo em categorias.

Geralmente as normais são as mais chatas. Porque falar de fatos, a não ser que eles possam desencadear um novo assunto, ou sejam mesmo hilários, fora do comum, é na maior parte das vezes bem chato. Mas acabo tendo que falar de fatos, no mínimo para solucionar os aspectos práticos da vida. Mas não dá pra ficar só nisso.

Falar dos outros é também necessário para mim. Exerce a ironia, o ardil. Claro que sempre com a melhor das intenções! Quanto maior a dose de ironia e ardil, melhor. Mas poucos assumem esta categoria. É contra as leis Divinas.

Idéias complicam um pouco mais. Nem todos gostam e é geralmente um papo que não chega à conclusão nenhuma. Mas é bom debater, criar teorias que nunca serão testadas, classificar as coisas, solucionar problemas. Pode ser no mínimo divertido.

Com tudo isso parece que pertenço as três categorias, criando, portanto, uma outra categoria. Categoria sui generes, acho que é um bom nome.

26/07/2003

Mini-peça

(casal de mãos dadas se aproxima do centro do palco)

Essa é uma história de amor. Um amor tranqüilo, contido, maduro, duradouro, enfim um amor que deu certo, ou melhor, está dando certo.

(se separam e andando um para cada lado do palco, fazem gestos comuns, como por exemplo olhar as unhas. Passa um tempo sem acontecer nada.)

Cai o pano.

Até foram felizes. Mas e a história? E a história?

Entre palavras

Numa aula de teatro, um tempo atrás, a professora deu um exercício de improvisação onde deveríamos criar diálogos dizendo apenas uma palavra por vez, de forma que fizesse sentido. Algo do tipo:

- Padre?
- Diga.
- Pequei.
- Como?
- Roubei.
- Quanto?
- Muito.
- Reze.
- Quanto?
- Muito!


O objetivo era demonstrar que o teatro se faz tanto do espaço de tempo entre uma fala e outra, como da própria fala. Evitava, assim, aquela verborragia comum nesse tipo de exercício. Parece bem simples, mas eu achei maravilhoso. A importância do silêncio, dos gestos, dos movimentos, enfim, todas as outras formas de comunicação que não a fala.

Por estes dias, lendo “O caminho de Germantes” do Proust, me toquei do quanto isso se aplica à vida. O personagem-narrador diz: “...naquela época eu ainda imaginava que era por meio de palavras que a gente revela aos outros a verdade.”

E assim corre a vida, entre as palavras, um mundo!

25/07/2003

Comecemos com amenidades

Qualquer pequena luz pra mim é festa:
Lençol recém lavado descoberto na hora de dormir;
Irmão de seis anos achando que você sabe tudo, até windsurf;
Cadela Lôra esquentando o pé enquanto escrevo no computador;
Cotonete no ouvido depois do banho;
Intestino regular;
Cafuné de Vó de unhas compridas;

E a gente complica tanto...

Depois do grande boom...
Eis o meu blog! Onde pretendo, pretendo...
Bom, pretendo escrever o que me der na telha.
Leia quem quiser e tiver juízo!