Cine Brasil
O cinema brasileiro adora adaptações. Aliás, o teatro anda também numa fase de adaptações, (para desespero de Bárbara Heliodora – mas isso é outro assunto). Então temos enxurradas de filmes cuja história surgiu originariamente em livros ou peças. Não é tão simples como possa parecer.
Tivemos
Carandiru,
Lavoura arcaica,
Cidade de Deus,
Dois perdidos numa noite suja, para ficar em alguns dos que eu também conheci em suas primeiras versões.
Do “alto” de meu conhecimento cinematográfico, não achei o resultado de todo ruim. Mas tenho algumas críticas.
Carandiru é uma boa história, o livro é muito interessante e já é sucesso há tempos. O sucesso já seria garantido por isso, ainda mais a presença de Rodrigo Santoro como um travesti. Mas achei que foi desperdiçada uma boa história, com uma direção nada ousada do Hector Babenco, abusando de flashbacks nada originais.
Achei ainda o elenco fraco, salvo algumas exceções. O roteiro não tem um fio condutor. O médico não é esse fio (como chega um pouco a ser no livro), nem mesmo o presídio. Então as histórias ficam soltas, e são contadas sempre da mesma forma: preso vai até o consultório do médico, este pergunta como ele foi parar na cadeia, resposta em forma de flashback. Não há também um desespero ou mesmo um desconforto do médico até se adaptar à convivência no presídio.
Não concordo com algumas pessoas que acharam que os presos foram postos como bonzinhos. Eu penso que, como foi mostrada uma realidade longe da nossa, coisas pra nós atrozes, são comuns e corriqueiras. Até porque eles são personagens, como nós. Misturam o bem e o mal dentro deles.
Enfim, a história do filme é boa. Choca, revolta, faz pensar “é esse mundo que a gente vive?”. Mas acho que poderia ter sido um filme maravilhoso, e foi só bom. Talvez pela falta de ousadia, trazida pela certeza do sucesso. Não poderiam correr o risco de errar.
Pretendia falar dos outros filmes, mas me estendi demais nesse. Então, antes que me achem uma chata, como certamente meu cunhado irá me chamar neste post, deixo pra depois. Pode deixar que eu também falo bem dos filmes!
Ah, o que eu também queria dizer: filmes originais como
“O homem que copiava” de Jorge Furtado, provam como pode ser bom criar histórias especialmente para o cinema.