Bodega

escritos em geral.
por tici.

06/04/2004

Nada é melhor do que o faxineiro gay aqui de casa!
Só mesmo o faxineiro gay aqui de casa fazendo aulas de dança salão!!
Gil é tudo de bom!!!

30/03/2004

Da série mulherzinha

Escape

Ontem, bebi demais.
Jurei que o álcool me resgataria,
me tornaria uma nova mulher.
Mais corajosa, mais charmosa,
mais falante que o normal.

Então bebi.
E por um tempo me iludi.
Fui Gilda por uma noite,
E nunca houve uma mulher como eu.

Agora, o sangue circula puro, sem álcool.
Vejo no espelho uma mulher,
Olhos borrados, sem batom...
Não parece a mesma de ontem.
Mas sou eu.

21/03/2004

Simples assim

O fim é a morte.
Se não chegou, ainda vem.
O começo é o parto.
Não o momento da fecundação,
como pensam alguns.
Feto é expectativa.
Expectativa do que virá,
mas ainda não veio.

O meio é o que fica entre o começo e o fim.
Convencionou-se chamar de vida.

17/03/2004

Elza Soares em plena terça

Não foi o primeiro show da Elza que assisti. Já vi outros em casas maiores, com bandas maiores, estruturas maiores e até com bailarinos. Dessa vez foi Elza mais quatro músicos no pequeno teatro do Instituto Moreira Salles, na Gávea. E que show. Elza duelou com os instrumentos usando a voz, fez um dueto com o baterista improvisando um batuque com as altas sandálias, cantou com veneração o antigo samba-enredo “Heróis da liberdade”. Enfim, puro charme aos 72 anos.

Eu ia sobrevivendo às emoções, até que ela começou a cantar “Acontece” do Cartola. Primeiro com microfone, depois sem. A melhor interpretação da música que já ouvi. A voz maravilhosa não é só o que usa para cantar. Tem todo o corpo, a expressão e certamente boa parte das vísceras. Bastou. E à minha boca aberta de assombro somaram-se as lágrimas que não pude conter.

Viva Elza!

15/03/2004

Adulta, eu?

Nesses últimos meses, muita coisa mudou na minha vida... Não por fora. Talvez só o novo corte de cabelo, mais curto. Mas por dentro.
Não, não me tornei melhor. Não aderi a nenhuma religião redentora, nem algo do tipo...
Mas estou mais consciente dos meus defeitos, das minhas limitações. Aprendi um pouco a usá-los a meu favor. E minhas qualidades nunca estiveram tão evidentes.
Dói um pouco e a gente até chega a chorar... mas o corpo vai se adaptando, vai ficando mais leve e a gente vai sorrindo mais e mais. Até gargalhar da vida.
Eu sempre soube que um dia teria que crescer...

08/03/2004

Que a vida me tome com uma avassaladora onda de prazer,
que me tire dos eixos,
me vire do avesso, sacuda, destrua.
Que se insinue pra mim despida, desnuda
de roupa, de tédio, de idéias ou ideais.
Que me venha crua, mas pronta.
Que me deixe tonta.

Só quero isso e nada mais.

Resolvi fazer umas mudanças no template... Pra quê? Com que eu entendo de HTML, obviamente não daria certo. Não deu certo. Perdi os comentários que usava antes; as aspas viraram um traço que eu não consigo mudar; os links e os arquivos ficam no final da página; enfim, nada como eu queria, mas... continuo tentando.

03/03/2004

Uma figura, a Marina

Hoje lembrei de Marina. Marina trabalhou lá em casa desde que minha irmã mais velha nasceu até eu fazer uns 3, 4 anos. Completamente louca, o que sempre foi fundamental pra se adaptar à casa. E a gente ria com Marina, ria de Marina; e brincávamos de cotibunda escondidas dela, quando já deveríamos estar dormindo; e ela ameaçava cheia de moral lavar nossa boca com sabão se falássemos palavrão...

Um dia mamãe e papai acordam e cadê Tici... Procuram loucamente em todos os lugares, com todas as pessoas com quem poderia estar. Nada. Era folga de Marina, mas não, ela não levaria a criança...

Meus pais desesperados. Onde mora a Marina? Em algum lugar do Fonseca. Como é que chega na casa dela é que é o problema. No quarto dela, procuram um indício qualquer. Uma caderneta de telefone. Mas Marina não sabe escrever, só tem números anotados. Ligam pra todos até conseguir falar com uma vizinha de Marina que explica como chega.

E lá estou eu... Com o melhor vestido, me esbaldando... “Marina, a gente tá o dia todo procurando a Ticiana. Como é que você some com ela assim???”. “Mas se eu pedisse a senhora não ia deixar eu trazer...”. Meu pai tentou despedir ela nesse dia, ela se recusou a ir embora. Depois acabou indo, por alguma outra loucura qualquer certamente. Mas até hoje aparece lá em casa, quer saber da gente. Adora mesmo todo mundo de paixão.

E hoje me lembrei dela, quando voltava pra casa no ônibus. Um garoto ensinava uma senhora a ler perguntando palavras com c, depois com g.... e esperava as respostas da senhora. É que numa das últimas visitas de Marina, ela veio me mostrar toda orgulhosa que tinha aprendido a ler e escrever. Seu filho ensinou.

30/10/2003

O que forma uma nação, além do idioma e do território, é a cultura. O Brasil é um país de imensa cultura, não só pelo tamanho, mas pela diversidade de seu povo; e para se fortalecer, é necessário estudar, divulgar, espalhar essa cultura pelos quatro cantos.

De que forma as escolas comemoram o dia nacional do folclore em 22 de agosto? Só nas escolas maranhenses se sabe sobre o bumba meu boi? O boi de Parintins só é festejado em Manaus? Dia dois de dezembro, o que se sabe sobre o dia nacional do samba?


Amanhã, 31 de outubro é dia de Halloween. Amplamente comemorado no Brasil, principalmente nas escolas brasileiras, apesar de não figurar entre as tradições do país.

O dia das bruxas tem origem religiosa, mas foi aos poucos perdendo esta conotação e se tornando um motivo de festas e brincadeiras em diversos países. Primeiro na Irlanda, depois na Inglaterra, e, hoje, principalmente nos Estados Unidos. Mas não faz parte das tradições do Brasil, país tão carente de defensores da cultura.

13/10/2003

Frases feitas

Frases feitas têm o seu lugar. Eu não posso negar que as adoro!!! Tanto as de personalidades como as minhas ou de conhecidos. Mesmo as apócrifas.

Isso tudo pra dizer que ando usando muito uma que minha irmã criou outro dia e concordei: “Cada um resolva os seus fantasmas”.

Pronto. E eu sempre me preocupando tanto em não magoar, em amenizar qualquer coisa para que outra pessoa não se sinta mal... Mas e os meus fantasmas?

Agora eu estou assim: Cada um resolva os seus fantasmas, afinal, não existe carrasco sem vítima.

Blogueira pra lá de infiel!!!

Ausência prolongada e justificada:
novo trabalho preenchendo meu tempo e minha cabeça...
projeto de monografia na gaveta e um prazo correndo no relógio...

06/10/2003

Hoje eu vou falar da Maria Rita

Tempos de Internet. A gente se basta, quase sempre, baixando as músicas. Pra que comprar o Cd?

Aí surge Maria Rita. Ouvi uma música do Milton Nascimento com a participação dela, tempos atrás. Tentei ir a uma mini-temporada dela no Mistura fina, ingressos esgotados. Lançado o disco, peguei na internet algumas músicas. Pronto. Senti o que há tempos não sentia. Vontade de ter o Cd, de ler o encarte. De esmiuçar um trabalho que tanto me chamou atenção.

É claro que é inevitável que a comparem com Elis Regina, sua mãe. Ela parece mesmo a mãe. Dos gestos à forma de cantar. E ouvindo a introdução de “Dos Gardenias”, que me remeteu à “Dois pra lá, dois pra cá” cantada por sua mãe, não lhe parece ser tão importante fugir dessa comparação a todo custo. O que mostra segurança e forte personalidade.

Não preciso dizer que adorei o disco. Ela é uma cantora fantástica. Debochada, angustiada, feliz e todo o resto. Tem faro para novos compositores, como Marcelo Camelo do Los hermanos e Cláudio Lins. Tem competência para cantar os já consagrados, como o Milton e a Rita Lee.

Enfim, ela não é a salvação da MPB, como já disseram por aí. Nem tampouco mais uma “filha de” a surgir. Tem talento e estrela própria. Que como ela, outros apareçam.

30/09/2003

Dicas de outros blogs

Depois de ler no Megazona sobre o livro “A lua vem da Ásia” e seu autor, Campos de Carvalho, que eu não conhecia, me deparei numa livraria com a sua obra reunida. Comprei.

Benditos meninos do Megazona! O livro é maravilhosamente bem escrito. De forma original e corajosa, o autor fala de loucuras inconfessáveis para muitos, embora comuns.

Olha esse trecho, daqueles que eu chego a ter inveja de não ter escrito:

“Mas tudo isto são desvarios de um espírito tresnoitado, dirão talvez meus inimigos eternos, que vivem dentro e fora de mim – e bastará que você calce os sapatos para que a realidade volte a funcionar sob seus pés, a dura e feia realidade de todos os dias, inclusive feriados e dias santos. É bem possível que assim seja, respondo calado, e por isso mesmo tratarei de não pôr os sapatos tão cedo, e se preciso não os porei nunca mais, a fim de pousar sobre meus próprios alicerces e ter os sonhos que quiser ter, e que para mim serão certezas.”
A lua vem da Ásia – Campos de Carvalho

Nesses últimos dias...

minha internet subiu no telhado...
meu último post subiu no telhado...
minha prova de DIP subiu no telhado...
minha sanidade subiu no telhado...
Depois eu subi no telhado e descemos todos juntos de mãos dadas, que a vida não espera não.

18/09/2003

Aqui jaz

Com um tiro certeiro foi-se a sua pacata vida.


Parecia um dia como outro qualquer, mas era o dia de sua morte. Acordou como sempre acorda, ainda com sono. Tirou as remelas dos olhos sem mal se olhar no espelho. Tomou um copo d’água antes de um café preto sem açúcar. Vestiu uma roupa não muito diferente da de ontem. Saiu.

A rua, aquela altura já povoada dos passos apressados da manhã, o escondia do mundo. Absorto pela massa, caminhava levado pelo fluxo, como a correnteza de um rio levaria um objeto inanimado.

A cidade lhe dava a impressão de abrigo quente. Nos poucos minutos do caminho para o trabalho era um pouco mais feliz. Não estava só, havia outros sofrendo tanto ou mais que ele. Uma forma um tanto egoísta de conforto, mas ainda assim eficaz.

Pura ilusão para quem quer se enganar. O mundo a muito não se preocupa com si mesmo, quiçá com um de seus inúteis habitantes. Mas era a única forma de viver, esta de se sentir necessário à vida. Diminuía um pouco a angústia, distraia a consciência.

Tinha, enfim, preocupações típicas de um homem moderno. Talvez não tão típicas assim. Afinal, grande parte das pessoas mal se preocupa com os vizinhos. “Não tomam conta do mundo, os outros.” – pensou.


Chegou em seu escritório. Na mesa, com as mãos firmes, escreveu sem se importar com a qualidade da frase, nem mesmo com o clichê: aqui jaz um homem que um dia teve ideais. E, virando o cano da arma para a boca, apertou o gatilho.

16/09/2003

É cedo pra que você vá. Ainda não lhe disse o que quero, nem sei mesmo se vou dizer. Mas peço que fique um pouco mais. Que me desculpe a covardia, a espera, a demora. E que fique um pouco mais na minha companhia. Desfrute de meus olhares de esguelha, de meus sorrisos de canto de boca, de minhas mãos nervosas em denunciar uma paixão tão incerta.

Conversas, bebidas, silêncios, olhares pontuam o nosso clima. E se eu te beijar, talvez isso se perca, talvez essa magia acabe e nos transforme em grandes indiferentes. Talvez não.

11/09/2003

Raridade

O sorriso me salta da boca num movimento involuntário, enquanto você, com seu jeito tímido, de poucos gestos, me conta as peripécias da sua infância como se fossem grandes façanhas. Fala mantendo nos olhos uma inocência incomum, própria dos homens que, como você, não perderam a esperança.

08/09/2003

Pitacos no cine Brasil

A semana que passou vi dois novos filmes brasileiros: “O homem do ano” e “Amarelo manga”.

O primeiro é um filme policial, adaptado por Rubem Fonseca de um livro da Patrícia Melo. O diretor é o José Rubem Fonseca, em seu primeiro longa. O elenco é bom. Os personagens, um tanto caricatos (o que me pareceu ser o objetivo) dão suporte para suas ações, às vezes absurdas.

O ponto alto para mim, é quando o personagem principal fala sobre domar a vida ou deixá-la te levar. Enfim, é um filme que pode suscitar discussões sobre violência, mas não era disso que pretendia falar. Então, não prolongo sobre o filme agora.

Queria mesmo falar sobre “Amarelo Manga”. Filme de Cláudio Assis, cultuado por onde passou.

É um filme estranho e as vezes um pouco pretensioso, querendo ser poético demais. Não achei tão bom quanto falaram, mas tem coisas interessantes.
As tomadas são por vezes do alto, te distanciando da cena, e por outras de perto, quase te colocando junto aos personagens. Sempre com a câmera meio solta. Interessante essa mistura.

Me chamou atenção algo que não foi comentado por onde li sobre o filme. As duas personagens femininas (Dira Paes e Leona Cavalli) e o paralelo entre suas vidas. Ambas vivem sob diferentes formas de opressão e têm diferentes maneiras de lidar com isso. No fim uma se liberta e a outra se resigna, dizendo, aliás, uma das melhores frases do filme. Esse detalhe, achei o melhor do filme.

São filmes que merecem ser vistos. Primeiro porque têm qualidade. Segundo porque são brasileiros, e, podem achar ridículo, eu gosto de incentivar o cinema nacional.